Apaixonada pela dança, essa sou eu. Daquelas que numa festa começa a dançar na primeira música e só para na última. Dediquei boa parte da minha adolescência a um grupo de danças tradicionais, onde fiz muitos amigos, conheci meu grande amor e vivi momentos inesquecíveis.
Aos 26 anos, um acidente bobo quase tirou minha vida, me deixou tetraplégica e levou muitas coisas que eu amava fazer, pelo menos do jeito que agente está acostumado a ver.
No meu processo de reabilitação tive uma psicóloga, que foi muito marcante pra mim, que me disse assim: - Promete pra mim que o dia que tu tiveres vontade de dançar tu vais, sem medo e sem preconceito.
Um ano depois do meu acidente fui para a primeira festa de casamento desta “nova vida”..., eu via todos, primos, amigos dançando felizes e curtindo a festa, assim como eu sempre fiz; e eu sentada na minha cadeira, triste. Nesse momento lembrei-me daquela frase que poderia me libertar e pensei: - Por que não ir pro meio daquelas pessoas e ser feliz, deixar o som me levar, como sempre fiz?
Desde este dia, nunca mais deixei de curtir um momento quando ele aparecesse pra mim. Com meus amigos cadeirantes fomos a baladas, dancei em vários países por onde tive o prazer de viajar e me libertei de toda a vergonha ou medo que eu poderia sentir.
O poeta Augusto Branco disse: “Não é o ritmo nem os passos que fazem a dança, mas a paixão que vai na alma de quem dança.”
Neste mês de janeiro, casou-se uma amiga, minha irmã por opção, dançarina como eu, amiga de infância, de toda vida. Bailou como nunca nos braços de seu amado, grande amigo e meu parceiro no tablado... foi emocionante vê-los e lembrar de tantos momentos vividos juntos no palco, unidos pela dança. Quando começou a festa, lá fui eu, com minha filhota, meu marido, para o meio do salão. Fiz uma amizade nova, um senhor com uma deficiência em um dos braços, super animado, se identificou comigo e dançamos varias juntos... unidos pela vontade de ser feliz, pela alma cheia de alegria e vida. Que importa se danço com a cabeça ou com as pernas, se faço passos incríveis ou se somente curto o som com meu coração?
E como diz Martha Medeiros: “O mundo já caiu, só nos resta dançar sobre os destroços. Nosso maior inimigo é a falta de humor.”
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