A Deficiência e a Maternidade


Nossa sociedade ainda tem uma visão da pessoa com deficiência como um ser assexuado, infeliz e preso à suas dificuldades. Embora nos últimos anos tenha se falado muito a respeito de pessoas com deficiência, suas limitações e principalmente seus potenciais, falta informação para termos uma sociedade menos preconceituosa.

Em geral as pessoas com deficiência tem vida sexual ativa ou podem tê-la; as mulheres cadeirantes não têm alterações férteis em função da deficiência quando ela é causada por uma lesão medular.


Sabe-se que preferencialmente tudo deve ser pensado e repensado na hora de planejar um filho, isso independente de ter uma deficiência ou não, ser mãe exige muita dedicação e apesar de ser algo único, realizador e maravilhoso, dá trabalho! A gestação de uma mulher cadeirante deve ser acompanhada preferencialmente por um obstetra especializado em alto risco, não por ser uma gravidez perigosa, mas por exigir cuidados específicos com as questões urinárias e circulatórias. Por isso é interessante que tudo seja bem planejado, até porque nem todos os medicamentos usados nos cuidados diários de um cadeirante podem ser tomados durante uma gestação.

Existem muitos casos de mulheres cadeirantes que se tornaram mães no Brasil, uma leitura interessante para quem tem interesse pelo assunto é o livro “Maria de Rodas” - Delícias e desafios na maternidade de mulheres cadeirantes que conta a história de várias mulheres que se tornaram mães depois da deficiência. Aprender pela experiência de outras pessoas que tem nossas mesmas dificuldades, nos faz ver que é possível ter uma família, trabalhar, casar, ter filhos e levar uma vida feliz e com qualidade.

 Priscila com seu filho Riquelme

Não posso deixar de comentar aqui a minha experiência como mãe tetraplégica que sou; tive a sorte de encontrar médicos abertos ao diálogo, os quais sugeriam ter minha filha de parto normal, uma prática pouco usada no nosso país. A grande maioria das mulheres tem seus filhos por cesárea e com anestesia geral e dessa forma não veem seus filhos nascer. Nunca me esquecerei da frase que disse meu anestesista: – Eu não me conformo em tu não veres tua filha nascer! E foi realmente um momento inesquecível, bem pensado e planejado para que eu pudesse receber minha filha como toda mãe quer e imagina.

É indispensável lembrar que a maternidade exige também uma boa preparação psicológica e prática; dependo do nível de dependência da futura mamãe, ela terá que saber que muitas coisas serão difíceis de fazer e outras talvez ela nem possa ou conseguirá, no entanto, isso não muda a relação mãe e filho, nem a prejudica, muito pelo contrário, as crianças tem uma naturalidade incrível para lidar com as diferenças, muito mais que os adultos, e desta forma elas amam suas mães do jeito que elas são; sem preconceito! Independentemente é importante pensar em adaptações, apoio de outras pessoas para que as dificuldades não sejam um empecilho para curtir o bebê e aproveitar cada etapa do desenvolvimento dele.

Eu e a Manu

Por não ter o movimento das mãos e somente parcial nos braços, meu marido foi a pessoa que trocou as fraldas, deu o banho e que sempre levantou a noite durante estes três anos de nossa linda Manu, porém isso não mudou em nada nossa relação e cumplicidade. Ela sabe aquilo que a mamãe pode ou não pode fazer, e não faz disso um problema, pelo contrário quer ajudar e esta sempre atenta àquilo que eu possa precisar. Tem sido uma experiência incrível, cheia de descobertas e de muito amor!

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